As nossas elites nunca gostaram do cheiro a povo
A República nunca se deu bem com o povo e o povo também não a compreendeu! E isto porque em Portugal não há a tradição de partidos populares, o que há são corporações, sem organizações de base fortes que tenham capacidade para imporem aos órgãos superiores dos partidos os seus representantes; então quando muito há organizações de base fracas que resignam e por isso aceitam os paraquedistas que a elite do partido ou do sindicato nomeia.
Isto provoca uma relação mafiosa e vaidosa de representantes apresentados ao povo mas que foram gerados no espírito antipopular.
Temos assim um Estado enredado em interesses corporativos sem a consciência de que nele há país e povo porque as elites podem viver do Estado e do fraco copianço do que acontece politica e socialmente no estrangeiro, sem precisarem de povo.
A população que o país tem vai chegando para manter as necessidades dos que se governam.
De uma maneira geral, estes, nas suas campanhas eleitorais, dão umas corridas no meio dos arraiais e uma vez eleitos fazem o que lhes interessa sem que alguém lhes Peça contas; no máximo os eleitores castigam-nos com uma legislatura de tipo sabático até às sequentes eleições.
A população não foi habituada a orientar-se pelos factos, foi educada a seguir apenas os sentimentos num país em que os beneficiados do Estado não se interessam pelos factos porque sempre fomentaram uma política de decisões orientadas para oscilações sentimentais.

António Justo
- António da Cunha Duarte Justo, Correspondente na Alemanha