Inquietude
Uma vitória é uma vitória, catano!

António José Seguro
Imaginemos um jogo de futebol. Qual a diferença entre uma vitória por um a zero ou por cinco a zero? O resultado, porque ambas dão 3 pontos e são inequivocamente uma vitória. Agora imaginem, após a vitória expressiva, a euforia dos adeptos e a fúria para enfrentar o jogo seguinte. Por outro lado, na vitória mais curta, partamos do princípio que um dirigente do clube vitorioso, vem a público dizer: embora seja uma vitoriazinha, vamos reclamar com o treinador e vamos desenvolver esforços para o demitir e substituí-lo. A vitória, essa não vale porque foi pobre e curta. Temos de arranjar outro treinador que nos dê, porventura, vitórias amplas e que esmaguem os adversários.

A J Seguro e J Sócrates
Vem isto a propósito do que tem estado a acontecer no seio do Partido Socialista, no seguimento da vitória nas eleições europeias.
O PS venceu, por margem inferior ao expetável é certo, mas as reações que desde a noite eleitoral têm vindo a acontecer são, tal e qual, aquelas que o dirigente do tal clube de futebol, teve.
Extemporâneas, despropositadas e dando argumento ao adversário para fazer esquecer a derrota.
Ao invés de analisar as razões de tal vitória magra, prefere-se dar autênticos tiros nos pés, irreversíveis, venha a acontecer o que quer que seja, a continuação da liderança de António José Seguro, legitimamente eleito por duas vezes, Secretário-geral do Partido Socialista ou pela sua substituição, agora que António Costa se perfila para o tentar fazer.

António Costa
É ainda cedo para saber o desenrolar futuro de todo este processo. Falta saber se Seguro manterá a intenção de não convocar um Congresso extraordinário ou se Costa conseguirá argumentos para por modo estatutário consegui-lo ou ainda se Seguro vai aceitar, deliberada e voluntariamente, o confronto com Costa.
Uma coisa é, desde já, certa. Quem já transformou uma vitória certa, apesar de curta, numa vitória ampla eventualmente não conseguida, foram os socialistas impacientes que, desde a primeira hora, nunca viram com bons olhos a primeira e a segunda eleição de Seguro.
Verdade é que, co António José Seguro, em duas eleições o PS conseguiu duas vitórias. Com erros, pelo caminho, é certo. O maior dos quais, terá sido a aparição de José Sócrates no último dia de campanha, permitindo que a coligação de direita usasse isso para, mais uma vez, emanar e puxar pelo ódio ainda presente em grande parte dos portugueses, em relação relação ao antigo primeiro-ministro.
* José Lagiosa, Director-Adjunto
INQUIETUDE é publicada em todas as 5ªs feiras